quarta-feira, 21 de março de 2012

 Preguiçoso

O que ora sinto faz lembrar
D'um sermão dito na missa:
-- Atire a primeira pedra
Quem, incansável na liça,
Nunca parou pra dizer:
'Ai, Jesus, ai que preguiça!'.

Mas não é da preguicinha
Do cansaço da labuta
Da fadiga do espinhaço
Querendo u'a cama de juta
Ou depois de empanzinar
Comendo um balaio de fruta.

Não! Essa todo o mundo tem
É fisiológica, normal
O pecado é o da preguiça
Que o cabra morre no pau
Mas não move um dedo só
Nem pra ir pro hospital.

Se o preguiçoso está
Sentindo frio ou calor
Não vai pegar um agasalho
Nem liga o ventilador
E se o mandam ir à farmácia
Logo diz: 'passou a dor'.

Eita cabra preguiçoso
Esse geme de preguiça
Pra se levantar da rede
Nem um par de seios o atiça
E pode ir ver se o danado
Não cheira igual a carniça...!

Brincadeiras à parte
Não concebo um tal sujeito
Sem vitaminas, proteínas
Um macunaíma perfeito
Mas se existir, o mal está
Num DNA com defeito.

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